Na manhã do dia seguinte, Alice e Douglas apresentaram uma melhora excepcional e Alice foi liberada para receber visitas. Os tios decidiram falar primeiro com Douglas, que ficou bastante abalado com a notícia da morte de seus pais. Alice foi mais grave, o impacto foi muito forte e ela teve que ser acalmada pelos médicos. Já no dia seguinte, os jovens tiveram alta e foram direto para o enterro de seus pais, ambos estavam bem abatidos. Grande parte da família estava reunida no velório, o dia estava cinza e triste. Alice e Douglas não saiam de perto dos caixões de seus pais.
Apesar de morto, Paulo estava ali, ao lado de seu caixão sem entender o que estava acontecendo. Ele conseguia ver todos, mas não conseguia se comunicar. Ele foi até Alice, que chorava e disse:
- Filha, eu estou vivo! Olha eu aqui, filha! Eu estou aqui!!!
Paulo estava totalmente invisível para todos.
- Alice! Douglas! EU ESTOU AQUI! EU ESTOU VIVO!!! Esse no caixão não pode ser eu! Eu estou vivo!!!
O sepultamento foi iniciado, a lama sujava os sapatos dos parentes durante o caminho até o túmulo. Paulo ainda gritava, mas ninguém escutava. Alice foi a primeira a jogar uma rosa branca no túmulo, seus pais foram enterrados lado-a-lado. Paulo tentou se comunicar mais uma vez, mas simplesmente sumiu.
Ainda no calor da emoção, já no carro de Roberto, Maria e juntamente com sua prima Solange; Alice perguntou:
- Para onde vamos agora?
- Vamos cuidar de vocês agora. Entendemos que essa fase é complicada e vocês vão ter o nosso apoio – disse Maria.
- Vamos para a casa de vocês, pegar algumas roubas e em seguida vamos para a capital -disse Roberto.
- Vocês vão gostar de morar lá – disse Solange.
- Sempre gostaram de lá, acho que não vamos ter problemas na adaptação. Não se preocupem, Douglas, você continuará com a faculdade e Alice poderá estudar na mesma escola que Solange estuda.
* * *
Assim que chegaram, eles separaram algumas roupas e pertences. Roberto alertou:
- Deixem o resto separado que eu pego durante a semana.
- Seria melhor vender esta casa -disse Douglas.
Todos se voltaram para Douglas.
- Calma Douglas, você tem esse direito, pois esta em seu nome, mas deixe tudo isso passar para ter certeza – disse Roberto.
- Eu sei, mas essa casa não me trará uma boa lembrança das coisas, sempre vou lembrar dos meus pais e relacionar ao acidente, quanto mais rápido siarmos daqui, melhor.
- O Douglas tem razão, essa casa nos abrigou muito bem, mas agora, sempre iremos relacionar ao acidente. Nossos pais vão fazer muita falta, parece que esta faltando um pedaço enorme dentro de mim – disse Alice, chorando.
Maria abraçou Alice, na tentativa de acalma-la.
- Tudo bem, mas pra nossa casa então, depois pensamos melhor nisso -disse Roberto.
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