Era noite e chovia forte quando uma família estava voltando para casa após visitar alguns parentes no interior do Rio Grande do Sul. Alice era uma menina de quinze anos, negra, de cabelos ondulados. Paulo era o seu pai, de quarenta anos de idade que estava dirigindo. Sandra, sua mãe, de trinta e oito anos de idade, estava no banco do carona, visivelmente preocupada. E Douglas, seu único irmão, de dezoito anos de idade, um rapaz bastante radiante e esforçado.
- Vai mais devagar Paulo! – exclamou Sandra.
- Mais devagar que isso eu paro o carro no meio da estrada.
- Tínhamos o dia todo para voltar, mas preferiram voltar justo agora! – observou Douglas.
- Não reclama Douglas, você poderia voltar de ônibus, mas não quis – disse Paulo.
- Quem ia querer?
Douglas pegou seu celular juntamente com os fones de ouvido e começou a escutar música. Alice havia pegado no sono, nesse instante, ela se viu dormindo no carro e viu também o resto de sua família. Ela não entendia o que estava acontecendo.
Alice estava flutuando fora do carro, mas a chuva não atrapalhava sua visão e nem mesmo molhava a garota. Então surgiram três humanoides de luz branca. Um deles abraçou Douglas, mas o garoto não sentiu, os outros dois pegaram Sandra e Paulo pelas mãos. Sandra e Paulo pareciam sair de seus corpos, os dois olharam para Alice com um olhar assustado. Em seguida, eles sumiram.
Alice não estava entendendo a situação. Seus pais se foram, mas ainda estavam no carro. A garota olhou para ela mesma e viu um outro humanoide abraçando-a. Ele olhou para Alice que flutuava e disse:
- Vai ficar tudo bem.
Foi quando começou a chover pedras de gelo, uma delas danificou o para-brisa do carro. Logo a frente, um caminhão perdia o controle e vinha de encontro ao carro dos pais de Alice. Alice tentava falar, gritar, ela tentava de alguma forma avisar a família, mas sua voz não saia.
Então, Alice sentiu como se algo a puxasse, foi quando ela acordou deitada em uma maca, na rua, sob uma leve garoa. Vários bombeiros estavam ao seu redor e um deles exclamou:
- Pronto! Pronto! Ela estabilizou! Vamos coloca-la na ambulância.
Rapidamente ela foi colocada na ambulância e levada para o hospital. Douglas já havia sido levado para o hospital também. Ainda no local, os bombeiros trabalhavam para retirar os corpos de Paulo e de Sandra das ferragens, o carro estava totalmente destruído. Alguns policiais estavam interrogando o motorista do caminhão que dizia:
- Eu perdi o controle do caminhão, tentei evitar, chovia granizo na hora. Infelizmente não consegui – disse, bastante abatido.
* * *
Na recepção do hospital, havia uma senhora na recepção, ela se chamava Dorete, aparentava ter mais de cinquenta anos e possuía uma cara de poucas amizades, ela era a tia que os jovens haviam acabado de visitar, ela estava buscando informações. Foi quando o médico responsável chegou e perguntou:
- Você é parente dos jovens que acabaram de entrar?
- Sou sim.
- Me acompanhe.
Eles foram até o quarto de Douglas que estava dormindo.
- Ele ficará bem? -perguntou Dorete.
- Sim.
- E a menina?
- Ela teve uma parada cardíaca no local do acidente, mas agora ela esta bem. Você só poderá visitar a garota amanhã.
- Eu já soube dos pais deles...
- Então... Venha comigo.
Não demorou muito para Maria, uma mulher simples, elegante, loira de aproximadamente trinta e cinco anos e Roberto, um homem experiente e radiante, cabelos grisalhos de quarenta e três anos chegarem ao hospital. Eles possuíam mais intimidade com as crianças e ali mesmo encontraram Dorete e o médico:
- Como estão? – perguntou Maria
- As crianças estão bem. Já estão sabendo da morte de Paulo e Sandra?
- Sim, acabamos de saber – respondeu Roberto.
- Bom, eu falo com vocês depois -disse o médico, se retirando.
- Tudo bem, doutor -disse Dorete. - Ainda bem que vocês chegaram! Eu não vou assumir esse problema!
- Novidade? Você só pensa em si mesma Dorete! Toma vergonha nessa sua cara! – exclamou Maria.
- Eu já estou velha! O que eu menos quero agora é problema! Não me importo com eles! Só vim mesmo por educação e respeito ao acontecido.
- Nem com isso você não fica mais amigável? - perguntou Roberto.
Dorete deu risada e respondeu:
- Até parece que vocês não me conhecem. Nunca me dei bem com a Sandra e muito menos com o Paulo, e não vai ser agora que eu vou fingir me importar, esse negócio de teatro eu deixo pra vocês dois.
Capítulo 02
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